Sozinha na cidade grande
Este conto é
continuação dos contos
Meu Primo Gustavo e
O Primeiro Namorado,
publicados
anteriormente.
Não tive outro namorado nem outra aventura sexual depois que o Sidney me deixou. Assim que terminei o 3º Colegial decidi ir embora da cidade para vir morar na Capital. Para meus pais disse que queria trabalhar e fazer faculdade, como muita gente na cidade fazia, mas meu desejo mesmo era começar uma vida nova na cidade grande. Numa tarde desci do ônibus na rodoviária de São Paulo com duas malas nas mãos, uma com as roupas do Marcelo, outra com as roupas de Lúcia e fui para a pensão que haviam me indicado no bairro da Bela Vista, um casarão antigo razoavelmente limpo, onde teria um quartinho só para mim, apesar do banheiro ser coletivo. O que me encantou quando a dona me mostrou o quarto foi o grande espelho que havia por dentro da porta do guarda-roupa, um espelho onde podia me ver de corpo inteiro, nem em casa eu tinha um daqueles.
Pouco tempo depois de chegar em São Paulo consegui arranjar emprego num
departamento de um grande banco, naquela época estavam contratando muita gente
e não ligaram para a minha falta de experiência. O serviço era monótono e o salário
uma miséria, mas era meu primeiro emprego e eu estava entusiasmada. Continuei
morando na mesma pensão já que com o que eu ganhava não daria pagar o aluguel
de um apartamento, por menor que fosse. Fiquei no meu quartinho com o grande
espelho na porta do guarda-roupa. Quando voltava do trabalho, me trancava no
quarto e colocava as roupas de Lucia. Não tinha muita paciência de me montar
inteira, geralmente vestia apenas calcinha fio-dental e sutiã ou um body ou um espartilho
com meias 7/8, e aquilo já era suficiente para me sentir mulher. Admirava minha
imagem no espelho, de frente e principalmente de costas, adorava ver minha
bunda no fio-dental, andava de um lado para outro e até ensaiava um rebolado. Essas
coisas sempre me deixavam muito excitada e depois de muitas idas e vindas
acabava indo para a cama me masturbar, sempre com o vibrador enfiado no cu. Já
há algum tempo o prazer sexual para mim tinha ficado associado àquela sensação
de ser penetrada e agora raramente eu me masturbava sem o vibrador.
A transexual mexicana Brithany Aniky.
Quando me masturbava imaginava diversas histórias em que eu sempre
fazia o papel passivo, quer como mulher, quer como crossdresser. Sim, muitas das
vezes simplesmente imaginava que eu havia nascido mulher, uma mulher como eu
gostaria de ser, não particularmente bonita, mas com um corpo muito sensual e
um bumbum maravilhoso, e então tudo se tornava mais fácil, o flerte, o namoro e
até o sexo, já que eu tinha uma vagina para dar e a bunda tornava-se apenas um
complemento. Como mulher também era possível imaginar histórias românticas, como
aquelas das telenovelas, e o que começava como uma simples transa podia
terminar em namoro e até casamento. E quando esses enredos heterossexuais me
cansavam, imaginava outros mais dentro da minha realidade, em que eu era um
homem que se vestia de mulher e transava com outros homens que sentiam atração
por mim, só que nessas histórias não havia muito romance, era mais sexo mesmo.
Tinha começado a tomar hormônios por conta própria na época em que
estava com o Sidney e não parei mais. Senti que meu corpo ficou mais feminino,
os pelos diminuíram e os poucos que restavam eu eliminava com a gillete. Meus
peitos não cresceram muito, é verdade, começaram a nascer mas ficaram por aí,
como os seios de uma menina que acabara de entrar na puberdade Aqueles meus
peitinhos não eram seios de verdade, eu queria que ficassem maiores, mas sem
exagero. Sempre achei bonito mulheres com os seios pequenos, seios pequenos e
bumbum empinado – era como eu queria ser. Por isso controlava meu peso e não
relaxava nos exercícios físicos para manter o bumbum durinho, as pernas grossas
e a cintura fina; só não exercitava os braços nem ombros para que não ficassem masculinos.
No local onde trabalhava não fiz muitas amizades, nem com os rapazes,
nem com as moças. Cumprimentava, trocava umas poucas palavras, nada mais. Acho
que eu não convencia muito como homem, apesar de não desmunhecar nem falar
afetado como alguns gays que trabalhavam lá. A maioria dos colegas devia pensar
que eu era gay enrustido, mas eu não me identificava com os gays, não era
simplesmente um homem que sentia atração por outros homens, para eu transar precisava
me vestir de mulher, ser tratada como mulher, me sentir mulher. Minha
aparência, os cabelos compridos e uma certa delicadeza nos gestos, deviam me
dar um ar andrógino. Uma vez ouvi uma menina comentar quando eu passava: “Ah,
que pena que ele não gosta de mulher! É tão bonitinho!”.
A linda transexual mexicana Camila Montoya.
Quando vim morar em São Paulo parei de vez de usar cuecas, só usava calcinhas, o que era complicado porque na pensão tinha de lavá-las enquanto tomava banho e depois deixar secar no meu quarto para que ninguém visse. Sentia prazer de estar de calcinha por baixo das roupas de homem, ainda que ninguém visse. Algumas eram um pouco maiores, tipo biquíni, outras fio-dental, que me incomodavam um pouco enfiadas no meu rego o dia todo, mas o desconforto era compensado por aquela sensação de me sentir mulher. Em alguns dias chegava mesmo a ir trabalhar com calcinha e sutiã, naturalmente um sutiã liso, sem bojo nem armação, apenas dois triângulos de lycra sobre meus peitos, com o fecho nas costas e as alças nos ombros, que também causavam um desconforto agradável.
Na cidade grande as coisas são mais abertas, os gays, as lésbicas, as
travestis. Eu sentia um fascínio pelas transformistas e travestis. Ah, como eu
queria ter a coragem de sair na rua vestido de mulher, quem sabe encontrar
outras pessoas como eu. Mas como? Imaginem se eu poderia sair da pensão vestido
de mulher? O que eles iam pensar de mim?
Bem, acho que já pensavam alguma coisa, mas não tinham certeza.
Um dia saí da pensão levando a mala das as roupas de Lúcia e disse que
ia fazer uma pequena viagem e que voltaria no dia seguinte. Na verdade
hospedei-me num hotel barato no centro da cidade numa região frequentada por
gays. Demorei mais de uma hora para me montar: maquiagem, cabelos, roupas. Como
eu tinha os cabelos cumpridos não precisava usar peruca, e com alguns arranjos
ele ficava bem feminino. Optei por uma maquiagem leve: base, pó compacto, batom
e lápis nos olhos. As roupas foram o mais complicado, eu tinha poucas roupas para
sair à rua, a maioria das minhas coisas eram escandalosas, muito justas, muito
curtas, vermelhas, rosa, bem no estilo piranha. Tinha apenas uma blusa listrada
de manga cumprida e uma saia azul rodada e que não era muito curta. Por baixo usava
um conjunto de calcinha fio-dental e sutiã com bojo, que dispensava o
enchimento e ficava bem natural, e meias-calças pretas semitransparentes, que
deixavam minhas pernas maravilhosas, ainda que no fundo preferisse as meias 7/8
presas com cinta-liga, muito mais sensuais. Coloquei brincos de pressão porque
ainda não tinha as orelhas furadas e uma pulseira, mas resisti ao colar para
não ficar muito perua. Por fim, calcei as sandálias pretas com saltos grossos
de cinco centímetros, um pouco baixa, eu sei, mas ainda não tinha ainda habilidade
para andar com saltos mais altos e finos. Uma bolsa preta a tiracolo completava
o meu visual e também servia para levar minhas coisas, já que eu não tinha mais
bolsos. Admirei-me longamente no espelho, o resultado me pareceu aceitável, uma
moça discreta dando um passeio num sábado à tarde. Ainda assim hesitei um pouco
antes abrir a porta do quarto e sair, era como se eu estivesse rompendo uma
barreira, tomando um caminho do qual não poderia mais voltar. Desci as escadas ansiosa, deixei a chave na
portaria dizendo “boa tarde” ao empregado, que não se mostrou nem um pouco
impressionado ao me ver vestido de mulher, e saí para a rua.
A trans americana Ava Keading.
Senti um frio na barriga ao me ver pela primeira vez em público vestida
de mulher. Procurava caminhar devagar, com gestos contidos, uma mão na alça da
bolsa, a outra livre. Era um sábado à tarde e as ruas daquela região estavam tranquilas,
o movimento mesmo começava mais à noite. Acho que devia estar um pouco paranóica,
parecia que todos olhavam para mim, que todos reparava em mim. Aos poucos fui me
acostumando com a situação e me acalmei. A maioria das pessoas que cruzaram
comigo simplesmente me ignorava, só alguns poucos lançavam olhares curiosos. Na
verdade não havia nada de excepcional em mim, a não ser pelo fato de eu ser um
homem e estar vestido de mulher, o que numa cidade como São Paulo não era de todo
novidade, só era um pouco estranho. Alguém assobiou para mim quando passei em
frente de bar, e ouvi um rapaz dizer: “Até que ela é gostosa”, e outro responder
“Acho que dava para pegar”, depois todos riram juntos. Senti novamente o frio
na barriga, tinha medo que acontecesse alguma coisa, um escândalo ou que eu
fosse agredida. Continuei caminhando com as pernas tremendo, felizmente não
vieram trás de mim. Não tinha destino, só queria fazer aquilo, caminhar pelas
ruas vestido de mulher. Parei diante de algumas vitrines de roupas femininas e
de calçados, mas me afastava assim que alguma vendedora ameaçava se aproximar.
Caminhei e caminhei até ficar cansada e já pensava em voltar para o hotel
quando cruzei com um senhor simpático que me olhou de cima a baixo.
– Ei, linda, como você se chama? – ele disse quando nos cruzamos.
Não respondi e continuei andando. Ele veio atrás de mim.
– Ei! Espera, aí! – ele continuou – Vamos conversar um pouco.
Achei melhor parar para evitar algum escândalo.
– Qual o seu nome? – ele perguntou.
– Lúcia – disse tentando fazer a voz mais feminina possível.
– Lúcia? – ele disse. – Eu me
chamo Paulo. Você está indo para algum lugar?
– Ia visitar umas amigas – menti.
– Estão te esperando? – ele perguntou.
– Não – respondi – Vou de surpresa...
– Ah, então não tem pressa. Olha, vamos naquela naquele barzinho tomar
um drink? Eu pago – disse ele.
– Eu não sei – respondi hesitante.
– É um bar gay, bem tranquilo. Só para a gente conversar um pouco... –
ele pediu gentilmente.
Não sei se porque estava cansada de andar ou porque Paulo se mostrou
cavalheiro ou porque era um bar gay onde me sentiria mais segura, no fim acabei
aceitando. O tal bar era um lugar meio escuro, com as paredes decoradas com
posters de atrizes famosas: Greta Garbo, Marilyn Mooroe, Brigitte Bardot, e
outras que eu não conhecia. Estava quase vazio àquela hora, a não ser por dois
rapazes gays que conversavam numa mesa. Paulo escolheu uma mesa isolada, no
fundo. Eu pedi um Martini e Paulo, um uísque com gelo.
– Você passa sempre por aqui? Eu não me lembro de ter visto você. Não
ia esquecer de uma pessoa tão linda – ele disse.
– Não, é a primeira vez que ando por aqui – respondi.
– Você fica muito bem vestida de mulher. Linda mesmo! – ele exclamou.
– Obrigada! – respondi encabulada.
Conversamos, contei que me vestia de mulher desde muito cedo e só agora
tinha tomado coragem para sair montada. Ele me contou que era casado, tinha
dois filhos adolescentes, mas que sempre sentiu atração por transexuais, e que
já tivera casos alguns casos. Eu contei que tive um namorado, que namoramos por
quase um ano, e que ele depois me trocou por uma mulher de verdade.
– Como ele pode fazer uma coisa dessas? – disse ele pegando minhas mãos
sobre a mesa.
– É a vida – disse eu sem tentar tirar as mãos.
* * *
A sexy TS Andy Naçebi.
Quando chegamos ao hotel onde eu estava hospedada, o funcionário da
recepção entregou a chave do quarto sem se importar que eu voltasse acompanhada,
certamente esse tipo de ocorrência devia ser usual naquela espelunca. Como
chegamos ali? Bom, Paulo me cantou, eu dei uma de difícil, mas ele era tão
gentil e foi tão atencioso comigo que acabei cedendo. Desde que o Sidney tinha
me abandonado eu não transava com ninguém, e já fazia mais de seis meses. Paulo
era um coroa bem simpático, demos alguns beijos lá mesmo no barzinho, ele
passou a mão nas minhas coxas e, sei lá, pintou um clima.
No quarto disse para Paulo ficar à vontade e fui para o banheiro
levando algumas coisas comigo. Tirei a
blusa, saia, meia-calça e introduzi um plug anal (tinha descoberto que assim a
penetração ficava mais fácil e menos dolorida). Vesti meias 7/8 brancas, a
cinta-liga e a calcinha fio-dental por cima, para poder transar sem precisar
tirar tudo. Sempre gostei de transar meio vestida, com o sutiã, as meias e a
cinta-liga, era a uma maneira de me sentir mais feminina, se ficasse totalmente
nu pareceria mais um rapazinho.
Saí do banheiro e vi que Paulo já tinha tirado a camisa e me esperava
sentado na cama. Ele tinha o peito bem cabeludo dele e isso me deixou mais
excitada, apesar de odiar os pelos em mim achava bonito homens peludos. Parte
dos pelos no peito dele já estavam ficando brancos. Quantos anos ele teria? Quarenta
e cinco, cinquenta? Não tive coragem de perguntar.
– Como você está linda, Lúcia! – disse Paulo quando me viu.
Ele se levantou da cama e se aproximou de mim. Nós nos abraçamos e
Paulo começou a beijar, primeiro no pescoço e no rosto, depois boca. Enquanto isso
as mãos de Paulo pela passeavam por minha bunda. Senti o pau dele bem duro
dentro das calças, e ele deve ter sentido o meu igualmente duro estufando a
lycra da calcinha.
– Que bunda você tem, Lúcia! – disse ele com as duas mãos nas minhas nádegas.
– Espere eu pouco, Paulo – eu pedi sorrindo.
Fiquei de joelhos em frente dele, desabotoei seu cinto, abri o ziper, abaixei
as calças até os joelhos e comecei a chupar seu pau. Era um pau de bom tamanho,
maior do que o do Sidney, mas nada de assustador. Paulo acariciava minha cabeça
enquanto eu chupava com determinação. Ficamos assim por bom tempo, eu chupando
e ele gemendo de prazer. Até que uma hora ele disse:
– Para, Lúcia! Você chupa muito bem, mas é melhor parar senão eu vou
gozar. Quero comer essa sua bundinha linda antes.
Fomos para a cama. Eu tinha levado várias camisinhas para o caso de
acontecer alguma eventualidade; não ia transar de maneira nenhuma com um
estranho sem usar preservativo. Paulo foi carinhoso comigo, tudo aconteceu de
maneira suave, apesar do pau dele ser grande. Ah, como era bom ser comida de
novo, sentir um macho dentro de mim. O vibrador saciava o tesão, mas não havia nada
como um pau de verdade, vivo, quente, indo e vindo dentro da gente, o calor de
nossos corpos, o suor, os ruídos, os gemidos, os cheiros. Depois que gozamos ficamos
na cama abraçados por algum tempo, sem dizer nada, eu com a cabeça apoiada no
ombro de Paulo enquanto ele acariciava levemente minhas costas.
A transexual chilena Kyara Rivera.
– Há muito tempo que não transava desse jeito, Lúcia! Você é demais! –
ele disse.
– Você também foi ótimo, Paulo! Eu estava precisando tanto levar uma
vara! – respondi sorrindo.
– A gente precisa continuar se vendo. Você quer? – ele perguntou.
– Quero, claro – respondi.
– Podemos nos encontrar no mesmo bar na semana que vem. Topa? – ele
sugeriu
– Combinado – respondi.
– Bom, Lúcia, agora eu preciso ir – disse Paulo levantando-se da cama.
– Se pudesse ficaria a noite toda com você, mas eu sou casado, você sabe... e estão
me esperando em casa...
Ele me beijou mais uma vez antes de ir embora. Fiquei no hotel para
dormir e só voltei para a pensão no dia seguinte à tarde carregando a mala de
Lúcia, como se tivesse voltado de uma viagem.
Na semana seguinte tive de repetir o ritual, sair da pensão,
hospedar-me no mesmo hotelzinho e sair montada para ir encontrar com o Paulo no
bar gay. Conversamos, bebemos, demos uns amassos e voltamos ao hotel para
transar. Nessa segunda transa, Paulo fez uma coisa surpreendente: ele chupou
meu pau. Achei estranho, até então só eu chupava o pau dos outros, mas até que
foi gostoso, um carinho... Depois eu chupei o pau dele e dei a bunda.
– Ah, Lúcia, eu nunca estive com alguém com você. Onde você se escondeu
esse tempo todo! – disse Paulo deitado ao meu lado na cama – A gente precisa se
encontrar mais, uma vez por semana é muito pouco.
– Eu também acho, Paulo – respondi. – Mas olha, pra mim é fica difícil.
Eu moro numa pensão, você sabe. Não posso sair de lá vestida de mulher. Tenho
de me hospedar aqui para me montar e com o que eu ganho não dá para ficar pagando
hotel.
– Você não me disse nada, Lúcia – disse o Paulo acariciando meu corpo
seminu, vestia apenas o sutiã e meias 7/8 arrastão. – Eu posso pagar o hotel. Aliás,
é minha obrigação pagar, afinal eu sou o homem e você é a mulher.
– Obrigada! Então está certo! – respondi sorrindo.
– Olha, Lucia, – prosseguiu
Paulo – se você quiser, eu poderia pagar o aluguel de uma quitinete para você. Aí
com o dinheiro da pensão você paga o condomínio, a luz e ainda ia sobra. Que
acha?
–Você está falando sério? –
perguntei eu boquiaberta.
– Claro! – respondeu Paulo.
A fantástica TS russa Kalindra Chan.
Morar sozinha, ter um apartamento só para mim, era o meu sonho. Eu
poderia ficar vestida de mulher o tempo todo e para sair montada seria mais
fácil. Não acreditei muito que Paulo estivesse falando sério, era bom demais
para ser verdade, e nós nos conhecíamos há tão pouco tempo. Mas poucas semanas
depois eu estava me mudando para uma quitinete de vinte e nove metros quadrados
no Edifício Copan, centro de São Paulo, um prédio imenso, projetado pelo Oscar
Niemayer, com centenas e centenas de apartamentos e onde moravam milhares de
pessoas. Gostei de tudo, inclusive do gigantismo do prédio, porque meio de
tanta gente ninguém ia reparar se o morador do 826 saía vestido de homem ou de
mulher.
Paulo vinha me ver duas ou três vezes na semana, conversávamos, transávamos,
assistíamos à televisão juntos, mas ele nunca ficava para dormir, tinha de
voltar para casa. Gostava do Paulo, era gentil, tinha boa conversa, transava
bem e me fazia sentir uma mulher. Mas não poderia dizer que o amava, como amei
o Sidney. Sei lá, parecia que faltava alguma coisa, era só uma boa transa, mais
nada. Eu sentia falta de amar e de ser amada, sei lá, acho que devo ser do tipo
romântica.
Depois que mudei para a quitinete eu só colocava roupas de homem para ir
trabalhar, um sacrifício necessário. No mais passava o tempo todo vestida de
mulher, inclusive quando tinha de sair para fazer compras no supermercado ou em
alguma loja. Naturalmente usava sempre roupas discretas, mesmo assim às vezes
mexiam comigo na rua, sentia raiva, mas seguia em frente como se não fosse
comigo. Descobri que usando grandes óculos escuros de mulher, com lentes
degradê, eu passava melhor, além de me sentir mais protegida atrás das lentes,
e os óculos se tornaram um complemento indispensável para eu sair à rua, mesmo
que não fizesse sol. Comprei mais roupas femininas, coisas baratas para usar no
dia-a-dia: vestidos, saias, blusinhas e leggings. Os leggings se tornaram minha
paixão, tinha vários, pretos, coloridos, estampados, com listras. Ficavam ótimos
em mim e não deixavam de ser discretos, desde que usasse com uma blusa cumprida
que cobrisse a bunda. Também comecei a ousar sair sandálias um pouco mais
altas, com salto de 7 ou 8 centímetros e conseguia caminhar com facilidade. Parece
que meus treinos em casa começavam a dar resultado, e isso me deu esperança de
um dia conseguir andar com bem com um salto agulha de 10 ou 12 centímetros.
* *
*
A trans brasileira Eduarda Vieira.
– Lúcia, hoje quero fazer uma coisa diferente? – disse Paulo uma noite
quando estávamos juntos no apartamento.
– O que, Paulo? – perguntei, imaginando alguma sacanagem nova.
– Queria inverter os papéis – ele disse.
– Como assim? – perguntei.
– Inversão. Eu dou e você me come – ele explicou.
– Mas, Paulo, eu não posso – respondi chocada – Eu sou a mulher, sou
sempre passiva.
– Ah, Lúcia, não custa nada variar um pouco – ele respondeu. – Você
fica com o pau duro quando nós transamos, não fica? Então?
– É fico de pau duro, mas não é para enfiar em ninguém. Ah, Paulo, não!
Para mim é totalmente impossível! – respondi um pouco irritada.
Acabamos nem transando naquela noite; depois disso nossa relação esfriou
bastante. Paulo sem dúvida ficou decepcionado comigo, ele certamente já devia
ter transado com outras crossdressers, transexuais ou travestis que faziam a
passiva e a ativa. Para mim isso era totalmente impossível, simplesmente não
conseguia me imaginar comendo alguém, homem ou mulher. Não odiava meu pau,
ainda que fosse difícil acomodá-lo dentro calcinha e que tivesse de apertá-lo
bem se quisesse usar uma saia justa ou um legging. Era com ele que eu obtinha
meu prazer, porque sempre me masturbava enquanto era penetrada por trás, e dava
deliciosas ejaculadas. Mesmo assim eu me considerava uma mulher, uma mulher com
pau, mas acima de tudo uma mulher.
* * *
Outra trans brasileira, Izabelly Marquesine.
Odiava quando na rua ou em outros lugares percebiam que eu não era
mulher. Mesmo que não falassem nada sentia alguns olhares maliciosos, sorrisos
escondidos. Tudo culpa do meu nariz, esse pensamento se tornou uma obsessão
para mim. Se eu operasse nariz ficaria muito mais feminina, muito mais
passável, como dizem. Não que meu nariz fosse feio, mas era um nariz de homem,
do Marcelo, não combinava com Lúcia. Se ele fosse menor, mais arrebitado, ficaria
perfeito; uma pequena modificação que faria toda a diferença do mundo. Cheguei
a fazer uma consulta numa clínica de cirurgia plástica, mas o preço me
desanimou.
– Paulo, eu queria operar o nariz, mas é tão caro. Será que você
poderia me emprestar do dinheiro, depois vou pagando aos poucos – disse para o
Paulo.
– É muito dinheiro, Lúcia. Para mim já fica apertado pagar o seu
aluguel – ele respondeu. – Mas olha, tenho um amigo que é cirurgião plástico, o
Cléber. Ele gosta de operar transexuais, já operou várias. Vou pedir para ele marcar
uma consulta para você.
Depois disso Paulo não veio mais me ver, acho que nem tanto por eu ter
pedido dinheiro a ele e sim por eu não ter comido bunda dele. Agora eu ia ter
de me virar sozinha para pagar o aluguel, o condomínio, luz, fora as outras
despesas. Ia ficar bem apertado para mim e no fim ia ter de entregar o
apartamento, porque com o dinheiro que eu tinha só daria pagar o aluguel por
uns dois meses no máximo. Seria tão ruim ter de voltar para a pensão, imaginem só
poder usar roupas de mulher trancada no meu quarto. Mas não havia nada a fazer.
A boa notícia foi que a secretária do tal cirurgião plástico amigo do Paulo me
ligou para marcar a consulta. Ela me deu um único dia e horário disponíveis e
tive de aceitar. Tudo bem, não custava nada fazer uma avaliação com o tal Dr.
Cléber, mas sem o dinheiro para operar não ia adiantar muita coisa, pensei.
A bela transexual argentina Laura Boldrini.
Uma semana depois eu estava sentada no sofá do consultório do Dr.
Cléber num prédio chiquérrimo no bairro de Higienópolis. Fui vestida de mulher,
é claro. Tive de arranjar uma desculpa para sair mais cedo do serviço e correr
em casa para me montar e ir à consulta. O horário que marcaram era o último do
dia, às 19:30 hs, talvez por eu não estar pagando eles me colocaram no pior
horário. Cheguei uns 20 minutos antes, quando a maioria das pessoas que
trabalhavam no prédio estava saindo. A recepcionista do doutor Cléber fez minha
ficha e pediu que eu aguardasse no sofá. Ela própria parecia estar pronta para
ir embora, já com a bolsa ao lado da mesa, e provavelmente quanto terminasse a
consulta não a encontraria mais lá.
– Pode entrar, Lúcia. O Dr. Cléber a aguarda – disse ela gentilmente
depois de atender ao interfone.
– Você fica muito bem vestida de mulher – disse o doutor Cléber quando
me viu entrar na sala.
– Obrigada. Achei melhor vir assim – respondi embaraçada.
– Fez bem – disse o doutor. – Assim posso avaliar melhor seu caso. Você
realmente é bonita como o Paulo me falou.
– Obrigada – respondi.
– Por favor, sente-se – disse o
doutor indicando a cadeira diante de sua mesa.
Sentei e cruzei as pernas. A minissaia subiu um pouco, talvez por
inexperiência minha e tive de ajeitá-la depois de sentada. Vi que o Dr. Cleber
olhou para minhas coxas através do vidro transparente da mesa. O doutor era bem
bonitão, devia ter uns 40 e 45 anos, atlético, e não vi aliança no dedo dele.
Ele tirou fotos minhas de frente e de perfil e fez várias simulações de narizes
no computador. Optei por um nariz feminino e que não ficasse muito artificial
em mim.
– E você só quer operar o nariz? – ele perguntou – Não pensa em colocar
próteses nos seios, tirar o pomo de adão?
– Quem sabe mais para frente, doutor. Por enquanto não, só o nariz
mesmo – respondi.
– Realmente esse nariz vai ficar perfeito em você – disse ele olhando a
simulação na tela do computador.
– Doutor, não sei se o Paulo falou... Meu dinheiro é curto, não dá para
pagar a operação de uma vez só, mas eu posso ir pagando aos pouquinhos – disse
timidamente.
– Depois nós vemos isso – disse o doutor recostando-se na cadeira. –
Sou fascinado por transexuais, tenho prazer em operá-las e deixá-las mais
bonitas.
– Paulo me contou que o senhor já operou várias transexuais – disse sorrindo
como se tivesse acertado um bilhete premiado.
– Sim, várias – disse o doutor. Depois prosseguiu – Agora vá para trás
daquele biombo e tire a roupa.
– Tirar a roupa? – repeti surpresa.
– É. Preciso examinar você de corpo inteiro – ele disse.
– É para tirar tudo? – perguntei..
– Quase tudo – ele disse. – Pode ficar só de calcinha. Você está de
calcinha, não está?
– Estou – respondi.
A TS americana Jonelle Brooks.
Achei estranho ele ter de me examinar de corpo inteiro, afinal eu só queria
operar o nariz, mas ele era médico e achei melhor não discutir. Fui para trás
do biombo e tirei a blusa, a saia, as sandálias, o sutiã, a meia-calça e fiquei
apenas com a calcinha fio-dental rosa, rendada na frente, lisa trás. Senti-me
um pouco envergonhada quando me vi ali diante da mesa do doutor só de calcinha.
Ele me olhou de cima abaixo.
– Você tem um corpo bonito, coxas grossas, cintura fina – exclamou o
doutor.
– Obrigada. Eu me exercito quase diariamente, sabe? – disse.
– E também toma hormônios? – ele perguntou.
– Tomo – respondi e disse ao doutor o nome dos dois remédios que
tomava.
– Você é exatamente como o Paulo me descreveu: muito interessante – ele
disse e em seguida perguntou: – O Paulo e você ainda estão se vendo?
– Não. Acho que não estava dando mais certo, sabe? – respondi
imaginando que talvez o doutor soubesse o motivo pelo qual Paulo tinha deixado
de me ver.
– Vire-se de lado – ordenou o doutor levantando-se da mesa a
aproximando-se de mim – Agora de costas – ordenou novamente, e dessa vez senti
as mãos dele nas minhas costas, nas minhas coxas e finalmente na minha bunda.
– Você tem nádegas perfeitas, Lúcia – disse o doutor apalpando minha
bunda. – Nisso não vamos precisar mexer.
– Obrigada – respondi encabulada.
Contra a minha vontade o meu pau começou a ficar duro e fazer volume
dentro da calcinha. O doutor na certa deve ter percebido a minha ereção.
– Estou muito interessado em seu caso, Lúcia – disse ele olhando meu
pau cada vez mais duro – Com algumas pequenas modificações você vai ficar uma
bela mulher.
– O doutor vai me operar então? – perguntei sorrindo.
– Claro! – ele respondeu me devorando com os olhos. – Quero deixar você
ainda mais linda.
Estávamos de frente um para o outro, Dr. Cléber se aproximou mais de
mim, até ficarmos com os rostos bem próximos. Meu pau estava cada vez mais duro
e fazia força para escapar de dentro da calcinha. Senti as mãos dele na minha
cintura e depois seus braços fortes me envolvendo e me apertando. Ele me beijou
e não resisti, abri um pouco a boca para que nossas línguas se tocassem. Senti
o pau dele duro dentro das calças brancas de médico, e ele também deve ter
sentido o meu.
– Quero ver se você é gostosa mesmo como o Paulo falou! – disse ele
entre os beijos.
– Ai, doutor! – foi só o que consegui responder já totalmente entregue.
Transamos num divã que havia num canto da sala, talvez colocado ali
exatamente com essa finalidade. Eu já estava há duas semanas sem transar e acho
que meu tesão tinha se acumulado. Entreguei-me toda ao Dr. Cléber, chupei o pau
dele e depois me deitei de bruços e dei a bunda. Parece que a operação no meu nariz
não ia sair totalmente de graça, pensei comigo, vou ter de pagar com o meu cu.
Essa ideia me deixou mais excitada ainda, sentia-me como uma garota de programa
ou uma travesti vendendo o corpo para ganhar a vida. Também não era nenhum
sacrifício dar para o Dr. Cléber, tão bonitão e transava tão bem. “Ah, Lúcia,
você está virando uma vadia!”, pensei comigo enquanto o doutor me comia, indo e
vindo dentro de mim, devagar no começo e depois cada vez mais rápido, mais
rápido, até chegarmos ao gozo, uma explosão, minha e dele ao mesmo tempo. Voltei
para casa sorrindo de felicidade, não apenas por ter sido comida, mas também
pela perspectiva de finalmente operar o nariz.
FIM
Essa história continuará no conto A Transição, a ser publicado.
Outra trans mexicana, Victoria Volkova, linda mesmo antes da operação no nariz.